Tudo sobre plantas assassinas


QUE animais se alimentam de plantas não é nenhuma novidade. Mas você sabia que certas plantas se alimentam de animais? Há cerca de 550 espécies de plantas carnívoras, ou insetívoras, classificadas, e mais estão sendo descobertas. São plantas extraordinárias que realizam fotossíntese, mas as que crescem em solo pobre carecem de nutrientes essenciais, como os nitratos. Esfomeadas, alimentam-se de insetos para conseguir os suplementos nutritivos essenciais.
Cada planta carnívora tem o seu método próprio de capturar a presa. Algumas têm armadilhas ou alçapões falsos, ao passo que outras atraem as vítimas para jarros lisos e escorregadios, ou folhas pegajosas das quais é impossível escapar. Vamos conhecer melhor essas plantas.
Armadilhas e alçapões falsos
papa-moscas é uma carnívora bem conhecida. Cresce em turfeiras nos Estados da Carolina do Norte e do Sul, nos Estados Unidos, e atinge a altura de cerca de 30 centímetros. Suas folhas lustrosas de cores vivas têm nos bordos glândulas que produzem néctar — tentação à qual os insetos dificilmente resistem. Só que o néctar é uma isca. No meio de cada lobo foliar da papa-moscas há três pêlos sensitivos e nos bordos há cerdas. Assim que a criatura desprevenida toca os pêlos, eles acionam o fechamento da folha e ao mesmo tempo as cerdas se engrenam, como as garras de uma armadilha de aço, deixando o inseto enjaulado.
Digamos que caia na armadilha um pedaço de raminho seco trazido pelo vento — depois de uns dois dias a carnívora o expulsará. Mas quando os órgãos sensoriais da folha detectam a presença de substâncias nitrogenadas, a planta reage liberando enzimas para dissolver o corpo do inseto capturado, possibilitando assim a absorção de seus nutrientes. Esse processo leva de 10 a 35 dias, dependendo do tamanho da presa.
O curioso é que se apenas um dos pêlos sensitivos for atingido, digamos por uma gota de chuva, ele não aciona a armadilha. Para haver uma reação da planta, é preciso que se esbarre em dois ou mais desses pêlos, mesmo num intervalo de 20 segundos. A velocidade com que a armadilha fecha depende da temperatura e da luz do sol. Em certas condições, leva apenas um trigésimo de segundo.
Engolindo um pequeno passaro
A armadilha de certas plantas fecha-se mais rapidamente ainda, como é o caso das do gênero Utricularia, essencialmente aquáticas, com folhas subaquáticas. As folhas são dotadas de muitas bolsas arredondadas, cada qual equipada com um alçapão falso e vários pêlos longos. Quando uma pequena criatura, como a pulga-d’água, esbarra nos pêlos, o alçapão falso se abre. Visto que a pressão da água no interior da bolsa é mais baixa do que a do exterior, a minúscula vítima é sugada e o alçapão falso fecha-se logo em seguida. Isso pode levar menos de 30 milésimos de segundo!
Armadilhas deslizantes
Entre as maiores carnívoras estão as epífitas do gênero Nepenthes. No Sudeste Asiático, elas são trepadeiras que sobem até o topo de árvores. Suas armadilhas chegam a conter até dois litros de líquido para pegar animais do tamanho de rãs. Consta que algumas já pegaram até ratos. Mas como funcionam as armadilhas?
As folhas dessas carnívoras têm a forma de um jarro com tampa, para evitar que entre a água da chuva. A cor viva e a quantidade de néctar no jarro atrai os insetos, mas a superfície do bordo é escorregadia. Assim que o inseto tenta se servir do néctar, perde o equilíbrio e desliza para dentro do líquido, no fundo. Os pêlos na folha, inclinados para dentro, não permitem que o inseto escape. Sem contar que o néctar de algumas dessas plantas contém um entorpecente para “sossegar” a presa.
cobra-lira com certeza é a carnívora de aparência mais marcante. Ela cresce nas montanhas da Califórnia e do Oregon, nos Estados Unidos. O seu “jarro” lembra muito uma naja pronta para dar o bote. O inseto entra pela abertura da planta, mas a luz que parece vir de janelinhas o deixa confuso. Querendo escapar, tenta voar em direção à luz. Mas de nada adianta. Exausto, cai dentro do líquido na base da planta e se afoga.
Valor doméstico e comercial
Pinguicula vulgaris tem folhas pegajosas que atraem a mosca-sciarida e a mosca-branca — insetos considerados pragas que atacam as plantas em estufas comerciais e as plantas de interior. É usada como armadilha natural para o controle das moscas. A viscosidade das suas folhas é superior à das armadilhas industriais. As folhas pegam apenas pragas minúsculas, ao passo que as industriais, mesmo sendo eficientes, pegam também a abelha e a mosca-das-flores.
As carnívoras do gênero Sarracenia da América do Norte são cada vez mais requisitadas pelos jardineiros. Dotadas de lindas flores e de folhas delicadas, equiparam-se a outras plantas ornamentais e são de fácil cultivo. Também consomem enormes quantidades de moscas — um tufo de folhas chega a capturar milhares delas durante uma estação. As abelhas não correm risco, pois, pelo visto não se sentem atraídas por essas carnívoras. Mas como os insetos polinizam as flores sem ser capturados? Primeiro aparecem as flores, quando os jarros ainda estão em fase de crescimento. Quando estes atingem o pleno desenvolvimento, as flores já morreram e os polinizadores já se foram.
Uma planta de fácil cultivo e que subsiste em temperaturas bem variadas é a Droseradichotoma, da Austrália. “É a planta certa para se ter onde os mosquitos incomodam quem se senta portas afora ao entardecer”, disse o especialista em plantas carnívoras, Chris Heath, do Centro de Educação Ambiental de Cultivo de Plantas de Walworth, em Londres. “Plante-a num vaso pendurado para que as gotículas brilhantes de substância viscosa atraiam os mosquitos.” É só esbarrarem nas folhas e ficarão presos nos pêlos pegajosos, que se curvam para dentro, pressionando o inseto contra a superfície da folha.
Preservação das plantas predadoras
Infelizmente, muitas plantas carnívoras crescem em habitats que vêm sendo destruídos pelo homem. No Sudeste Asiático, por exemplo, as queimadas ameaçam de extinção as plantas epífitas do gênero Nepenthes. Em outros lugares, pântanos estão sendo drenados para se tornarem áreas de desenvolvimento. Algumas espécies dessas plantas já estão extintas.*
Gostaria de cultivar uma planta carnívora? Não é preciso ir buscar uma na natureza. Muitas espécies podem ser obtidas de fornecedores que as propagam por semente ou por culturas de tecido. São plantas fáceis de cuidar. O importante é manter as plantas sempre molhadas com água da chuva. Elas exigem sol; exceto as espécies originárias das zonas temperadas que devem ficar num local fresco durante o inverno. É preciso ter paciência. Certas carnívoras levam até três anos para atingir o pleno desenvolvimento. A vantagem é que não há necessidade de alimentá-las. Elas se viram muito bem sozinhas!
Você sabia?
 Fungos
  Os fungos são as carnívoras mais minúsculas que existem. Atraem vermes microscópicos — nematódeos que vivem no solo. Alguns desses fungos têm protuberâncias viscosas nos talos, mas outros têm armadilhas de três células de apenas um milésimo de polegada de espessura, que apertam o verme que se aventurar a rastejar nelas. Assim que o verme fica encurralado, filamentos do fungo o envolvem e logo ele está morto. Há estudos sobre o potencial desses fungos no controle de pragas, tendo em vista que os nematódeos causam anualmente prejuízos de centenas de milhões de dólares nas plantações.
 Insetos não se rendem fácil
  Nem todos os insetos caem na armadilha das plantas insetívoras. A mosca-varejeira, por exemplo, é dotada de um apêndice em cada pata. Assim como o gancho do alpinista, os apêndices permitem que o inseto suba nos pêlos, encurvados para dentro, e saia da armadilha sem ser apanhado. Quando os ovos da mosca-varejeira eclodem, as larvas se alimentam dos insetos em decomposição nos jarros da carnívora. Prestes a atingir o estado de crisálida, fazem furos nos jarros e escapam. As lagartas de uma pequena mariposa, por sua vez, encobrem os pêlos da planta com uma teia. Certas aranhas são muito espertinhas: tecem suas teias na parte superior das carnívoras a fim de serem as primeiras a pegar os insetos curiosos. Outra espécie de aranha é dotada de uma pele especial que lhe permite esconder-se nos sucos digestivos, quando ameaçada.

Crédito: Reviata Despertai
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